terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Luz no fim do túnel


Ola meus queridos(as)

Dor, desespero... falta de esperança e fé. Quando alguém olha para o metro chegando, na plataforma e pensa, por um segundo; vou acabar com essa dor, com esse sofrimento... quando alguém olha aquela ponte, e pensa, por um segundo, vou me jogar e acabar com essa dor... esse sofrimento. Quando alguém simplesmente não vê mais a luz no fim do túnel... o que dizer, como consolar, como acolher, como convencer que vale a pena viver? 

Como? Como? Como?!!! Amor, carinho... mas o outro não sente, não vê absolutamente nada disso, apenas um gigante vazio e uma escuridão sem fim e nenhuma razão para continuar vivendo. Como explicar que todo sofrimento tem um fim, e não é acabando com sua vida... Como explicar que o amor é maior que tudo? Honestamente não sei. Como eu descobri tudo isso? Quando EU passei por tudo isso.

Umas boas 24 horas atrás, a dependência química nem tinha batido na minha porta ainda, alias nem sabia o que era isso... eu também não via mais a luz no fim do túnel, foram quase dois anos de psiquiatra, no começo as consultas eram semanas, depois três vezes por semana, no final diárias...e dá-lhe remédio, aumenta a dose, introduz mais outro e por ai vai (tinha uma farmácia em casa, tudo tarja pretíssima). Não sei como consegui terminar meu doutorado, estava tão dopada que não lembro da minha defesa de tese! Uma noite cheguei da faculdade em casa, tomei banho fui dormir e no dia seguinte, quando acordei cadê o carro? Achei que tinham roubado (mas na época morava no Hawaii, impossível, ninguém rouba nada lá, alias inúmeras vezes dormia com a porta de casa aberta)... Antes de stressar, resolvi ir numa loja de 7 eleven do lado de casa, que sempre ia, comprar cigarro, e qual minha surpresa de ver meu carro estacionado na parking lot! Entrei e perguntei para menina que trabalha lá o que meu carro estava fazendo ali, ela disse que eu cheguei umas 4 da manha, comprei duas cervejas e sai a pé, e eles acharam que o carro estava com algum problema!!!!!!!!!! Na minha cabeça isso nunca aconteceu! Enfim, e as coisas foram se degradando cada vez mais, eu sofrendo mais, meu psiquiatra me receitando cada vez mais remédio, eu cada vez mais sem esperanças... e um belo dia cheguei lá, juntei toda a minha farmácia (legalmente prescrita) e tomei todos os comprimidos, entrei em coma... sozinha, no meu apartamento. 

Acordei uma semana depois, na UTI, quando fui desentubada da parada respiratória que tive completamente PUTA da vida comigo mesma! A minha incompetência era tão grande que eu não tinha nem conseguido me matar. Fui transferida para a semi-intesiva, e um acompanhante do meu lado (até no banheiro), e lá fui eu para a ala psiquiátrica. Nos USA não tem essa, meu psiquiatra era o diretor da ala psiquiátrica desta hospital, e uma vez que eu estava colocando minha vida em risco, tanto faz o que eu queria ou não... Por dois dias, convivi com pessoas babando, gritos de madrugada, filinha para tomar a medicação, banhos assistidos, e lembro vivamente de uma senhora que ficava horas e horas dando voltas e mais voltas em torno de uma mesa. Finalmente minha mãe chegou do Brasil, e voltei para o meu apartamento... ou o que restava dele. 

Porque estou abrindo tudo isso, um momento tão difícil na minha vida? Porque talvez ajuda alguém ai, que esta se sentindo assim, perdido, sem luz no fim do túnel. O PS tinha outros planos para mim e não era morrer de overdose de benzodiazepínicos. Era continuar vivendo, amando, sofrendo, crescendo, sendo mãe, companheira e hoje, poder levar a mensagem aos que ainda sofrem... seja lá por que razão! 

O que posso deixar aqui para vocês? Nada, só que hoje, depois do que vivi, quero viver MUITO mais! E por mais escuro que seja esse túnel, sempre tem uma luzinha no final...

P.S: Confesso que as vezes quando a coisa fica preta, ainda sinto vontade de tomar um Zolpidem básico para apagar por algumas horas, mas como diz minha babá; quem tem ... tem medo! E eu tenho! 


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