sábado, 13 de setembro de 2014

Sufocar


Ola meus queridos(as)

Estou de molho por uns dias, muita dificuldade em andar com esse dedo estourado, tentei ir comprar pão na padaria hoje de manhã e acabei voltando para trás (isso porque a padaria é aqui do lado), dirigir nem pensar (só em caso de vida ou morte mesmo). Minha mãe veio fazer uma visitinha de médico, ainda bem que foi rápido mesmo; o I. estava entretido brincando com o filho da babá (legal que ela trouxe ele e os dois se divertiram na piscina) nem deu muita bola para ela (sei que ela ficou um pouco chateada, mas ELA escolheu e assim a vovó ocupa cada vez menos espaço na vidinha do I. até que um dia ela será apenas uma figura distante), mas o pouco tempo que ela esteve aqui foi o suficiente para mais críticas. Agora o meu dedão estrupiado virou a bola da vez... mas como você consegue fazer isso? O I. estava com você? Ele viu tudo, meu Deus! Você estava bêbada? Olha, não aguentei, fui grossa, claro mãe, estava caindo de bêbada as 8 horas da manhã levando seu neto para escolinha, não melhor, passei a noite em claro cheirando cocaína e dando a bunda na esquina por isso estrupiei meu dedão no portão do prédio, Deus esta me punindo e por favor, vai tomar no cú. Complicado mandar a própria mãe tomar no cú né? Tá, estou errada, mas o mundo inteiro pode simplesmente topar o dedo do nada menos eu, eu não, eu "deveria" estar fazendo algo errado (a cabeça maluca da minha mãe). Bom, dentro dessa sua lógica se eu escorregar no banheiro e quebrar a perna é porque eu fumei crack uma semana e assaltei um banco! Eita....

Fiz o que sei fazer, liguei para o meu pai chatiadíssima depois que ela foi embora. Mas uma vez ele me lembrou que minha mãe não é mais a MINHA mãe, que o processo de degeneração e demência senil esta avançando, que tenho que lidar com ela como eu lidaria com uma pessoa doente, e blababla... Eu sei, mas esta difícil de aceitar essa realidade, e quanto menos eu conviver com ela melhor para mim neste momento de não aceitação pois ainda olho para minha mãe como a MINHA mãe, não uma idosa com demência senil beirando um Alzheimer. E como disse meu sábio pai, se prepare pois só vai piorar... Mais um Eita.....

O Caiçara está bem, mas já percebi que esse negócio dele estar trabalhando a 20 minutos da minha casa esta complicando um pouco, ele simplesmente passa por aqui todo santo dia (e fica); alias o porteiro nem interfona mais, ele apenas sobe e bate na porta! Claro que eu gosto da sua companhia, mas nem sempre né? Além de que esse é o meu espaço, uns dias atrás aconteceu bem isso, depois do jantar falei: Olha, você não vai para sua casa? Ele: Você esta me mandando embora? Eu: Estou, esta ficando tarde, boa noite. Lá foi ele com aquele bico do tamanho do mundo, no dia seguinte cedo, eu arrumando o I. para escolinha e pronta para ir trabalhar, toca a campainha... é ele; só passei para dar um oi. Eita.... porque é tão difícil respeitar o espaço do outro? Não me sufoca. 









sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Backup


Ola meus queridos(as)

Confesso, sou uma pessoa meio desajeitada, destrambelhada, desatenta mas não é possível! Eu consigo o impossível, desta vez não quebrei o dedo, simplesmente destruí o mesmo dedão que quebrei ano passado e fazendo o que? Saindo com o I. do prédio para levá-lo na escolinha hoje de manhã... topei, sei lá exatamente o que consegui fazer, no portão de ferro do prédio. Uma poça de sangue gigantesca se formou em questão de segundos e uma dor absurda tomou conta de mim! O zelador um fofo, que estava na portaria saiu correndo, me socorrer, estancou o sangue, que o I. olhava assustando, eu urrando de dor e o seu João firme e forte controlando o caos... 10 mil algodões depois, uma gigante poça de sangue na entrada do prédio (que para quem não lembra, acabei de me mudar; pois é, já sou notícia de elevador), seu João (o zelador) simplesmente falou: Minha filha sobe para casa que eu levo o I. na escolinha (tá, é uma quadra do prédio) e vai cuidar deste dedo. Mas seu João... Não tem mas não minha filha, I. vamos com o tio até a escolinha?!!!! Achei que o I. não iria com ele, afinal de contas nos mudamos recentemente, ele não conhece o seu João; olhou para mim, e eu falei, I. a mamãe fez dodói no pé, o tio é amigo da mamãe e vai levá-lo na escola tá? E ele foi NUMA boa! 5 minutos depois seu João interfone, foi tudo bem no caminho, ufa! Sempre temo o jardim do caracol no nosso caminho, ele fica namorando o caracol e é uma luta para continuar andando...

Porque estou escrevendo tudo isso? Primeiro porque fiquei extremamente sensibilizada com a ajuda que recebi desta pessoa que nem me conhece, não tinha a mínima obrigação de me ajudar e muito menos levar meu filho para escola; Deus é maravilhoso comigo, sempre colocando essas pessoas do NADA no meu caminho quando mais preciso! Segundo, complicado "ser" sozinha, não solitária, mas numa situação destas, se não fosse o anjo seu João, eu com o dedo parecendo um pedaço de carne do açougue quem levaria o I. para escola? Não tenho backup, não tenho plano B... sou eu OU sou eu! E essa realidade me incomodou.

Ainda bem que a super babá vem amanhã pois não consigo andar! 




quinta-feira, 11 de setembro de 2014

September 11th


Ola meus queridos(as)

Já se passaram mais de 10 anos mas ainda lembro exatamente o que eu estava fazendo nesta data trágica. Na época eu morava em Honolulu, era casada com o P. e fazia doutorado. Bem cedo, antes das 6 da manhã toca o telefone nos acordando, pensei comigo quem é uma hora destas?! Que saco, deixa tocar... (alguns amigos meus aqui no Brasil NUNCA lembravam das 8 horas de fuso, e durante uns bons anos recebia ligações nos horários mais esdrúxulos; achei que era isso). Mas o telefone continua tocando insistentemente, levantei de ovo virado, atendi com um sonoro HELLO! 

Era minha mãe, nervosa falando coisas sem nexo do tipo, vocês estam sendo atacados, os Estados Unidos está sendo atacado, o que esta acontecendo ai? Vocês estam bem? Oi mãe, bom dia para você também, não estou entendendo absolutamente nada do que você esta falando. Ela pediu que eu ligasse a TV, coloquei na CNN e a primeira imagem que vi foi o segundo avião entrando em cheio numa das torres do World Trade Center... agora quem não estava entendendo mais nada era eu. Depois de acalmar minha mãe, fiquei catatônica, paralizada na frente da TV; nisso o P. levanta pergunta alguma coisa que eu não computei, senta do meu lado no sofá e lá ficamos os dois, anestesiados. Notícias confusas começam a chegar, um outro avião caiu no Pentagono, outro desaparecido (o que os passageiros amotinaram e acabou caindo na Pennsylvania); todos os vôos estam sendo "grounded", os aeroportos fechados... A essa altura do campeonato a ingenuidade acabou, claro que não eram apenas acidentes aéreos e sim um atentado terrorista. 

Meio zumbi, me arrumei e fui para faculdade, os estudantes, os professores com o mesmo sentimento que eu. As aulas foram suspensas, não tinha clima, era tudo muito pesado, muito triste. Quase três mil pessoas morreram, civis, mães, pais, filhos, famílias que simplesmente estavam começando mais um dia de trabalho; entre elas uma amiga minha; grávida de 4 meses que trabalhava num escritório de advocacia numa das torres e não sobreviveu. Lembro quando ela me ligou contando da gravidez, estava radiante, feliz da vida, e planejando uma segunda lua de mel no Hawaii (queria umas dicas). 

Voltei para casa e o desespero bateu, comecei a ligar como uma louca para uma grande amiga minha, que na época morava na Canal St. (meia duzia de quadras do World Trade Center), estive hospedada na casa dela algumas vezes quando ia a New York e eu retribuia sempre a recebendo em casa quando ela visitava as ilhas. Todas as linhas estavam congestionadas, ninguém conseguia ligar para ninguém em NY; quando eu estava quase desistindo finalmente consegui falar com ela, já era noite no Hawaii e de madrugada em NY. Como foi bom ouvir a sua voz, ela estava bem porém muito assustada, acordou com o barulho da primeira explosão, e viu (ao vivo e a cores) o segundo avião batendo na outra torre. Estavam todos sitiados em casa, sem água e luz; e meio incomunicáveis; eu fui a primeira pessoa que consegui falar com ela o dia inteiro, ela me pediu para ligar para a família dela no Brasil o que fiz com o maior prazer depois de desligar. 

Foi uma noite longa, dormi muito mau e acordei como todos os outros americanos, com medo e raiva! E assim acabou a era da ingenuidade, começou a caça as bruxas e nunca nada mais seria igual depois de September 11th... 


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Hawai'i


Ola meus queridos(as)

Ua mau, ke ea o ka aina, i ka pono, o Hawai'i

http://youtu.be/VrbaN42tDFE

Como traduzir? Claro, posso traduzir... o que não diz absolutamente nada! Pois o sentimento, o amor não se traduz. Passei um bom tempo sem falar da imensa falta que sinto da ilha, na qual morei por  tantos anos. Da ilha na qual tantos amigos deixei, na ilha que conheci um havaiano único que se tornou meu marido, na ilha que me abraçou, aqueceu, bronzeou minha pele e meu coração. A ilha que me ensinou a simplesmente amar a terra, a natureza, as pessoas, as flores, as ondas e essa ilha, acima de tudo, me ensinou que tudo tem seu tempo.... pois nessa ilha, o tempo flui, sem pressa. 

Nessa ilha o arco-íris se forma todo dia, nesta ilha eu apreendi a apreciar o arco-íris; nesta ilha as ondas (no inverno) são enormes e barulhentas, nesta ilha eu aprendi que o barulho das ondas quebrando na praia eram como canções de ninar me acalentando para dormir, nesta ilha o sol brilha e a chuva molha a terra, nesta ilha as noites são estreladas, nesta ilha eu conheci pessoas tão únicas como essa ilha, nesta ilha eu aprendi a agradecer pela natureza de simplesmente ser parte de tudo isso! Nessa ilha eu deixei um pedaço de mim... que eu sei, esta bem guardado!

Nessa ilha, perdida no meio do Pacífico, ainda preservada nos seus valores, me encontrei anos atrás e um dia voltarei para me re-encontrar novamente. Aos meus queridos havaianos, mahalo nui loa! 

Casablanca


Ola meus queridos(as)

Nestes últimos dias não consigo descrever exatamente o que estou sentindo... nenhuma catástrofe, cotidiano básico, tranquilo MAS algo aqui dentro sinalizou. Lembrei de coisas que vivi, lembrei de uma vida que eu vivi antes de tudo, pessoas, lugares, situações que eu tinha esquecido. Esquecer talvez não seja a palavra correta mas guardadas numa gaveta. Resolvi pseudo organizar os inúmeros arquivos neste Mac e de repente me deparei com fotos minhas entre os Moais em Rapa Nui, as ruínas arqueológicas incas de Machu Piccu e Choquequirao, uma viagem acompanhada (e muito bem acompanhada) ao Grand Canyon, o por do sol no meio do mar do Caribe, os glaciers na Islândia, uma flor de cactus no deserto do Atacama, os geysers coloridos no Yellowstone, as feiras flutuantes na Tailândia, os templos budistas no Laos, as praias deslumbrantes da polinésia francesa, a pirâmide de vidro na entrada do Louvre e por ai vai. Fiquei olhando para tudo aquilo como se não fosse eu que tivesse vivido... como se fosse a vida de outra pessoa, mas sou eu mesma em cada uma daquelas fotos. E carinhosamente a pessoa que eu era falou comigo, contou coisas maravilhosas que fizemos, coisas nem tão maravilhosas também, lembrou das pessoas que amamos e deixamos para trás, lembrou dos sonhos que realizamos e os que deixamos escapar. 

Ela me lembrou das lágrimas que chorei embarcando num vôo em Phoenix anos atrás deixando uma pessoa amada, as lágrimas que chorei embarcando em Trinidad Tobago deixando uma pessoa que amei para trás, as lágrimas que chorei embarcando em Lima deixando um amor para trás, as lágrimas que chorei quando simplesmente EU embarquei inúmeras vezes em inúmeros aeroportos e simplesmente fui embora. Mas ela também me lembrou que hoje eu não choro mais em aeroporto nenhum, pois optei por ficar! Ou se eu for, eu volto. Volto para essa pessoa que sou eu, não deixo mais um pedaço de mim em nenhum aeroporto, vou e volto inteira. 

Mas que deu uma saudade de Casablanca, deu... 

domingo, 7 de setembro de 2014

Escolha a primavera


Ola meus queridos(as)

Final de semana tranquilo, ensolarado, parquinho, piscina, cervejinha... e a companhia do Caiçara (centrado, em paz, animado com o novo emprego... olha, Deus ama as crianças e os bêbados/drogados(ops, adictos) mesmo, agora ele conseguiu um baita emprego de chef num restaurante super renomado aqui na Vila, simplesmente bateu na porta, e conseguiu a posição, pode? Vai ter uma lábia dessa na China!). Comigo nada acontece assim... mas fico feliz por ele. Também fui para cozinha, domingo com direito a lasanha de camarão, errei um pouco na quantidade do molho,  poderia ter ficado um pouco mais molhada, sempre sou muito crítica comigo mesmo mas ficou BOM!!!!!!  Optei por um leite de côco no molho que fez toda a diferença... recomendo! 

Ele foi compreensivo, quando o I. acordou as 6:15 da manhã, ele levantou, foi cuidar dele, me deixou dormir e foram tomar café na padaria!!! Puxa, são essas micro coisinhas que dizem tanto, como não amá-lo? E assim dormi até as 9 da manhã! Inédito! Acordei querendo beijar tudo e todos! E assim o fiz... e depois a lasanha!

É muito maluco tudo isso, pois sim, ele é um dependente químico e sempre será mas existem momentos, como esses, que ele simplesmente é uma pessoa amável, fofa, saudável... e quase esqueço sua doença. O I. estava dormindo a tarde, precisava de algo do supermercado, entreguei meu cartão do banco pedindo que ele fosse para mim, e olha, nem por um segundo imaginei que ele sumiria com ele (mas é sempre uma possibilidade, principalmente porque já aconteceu antes). Mas hoje não vivo mais assim, na retranca, na desconfiança, na paranóia... Escolhas, eu escolhi dar meu cartão do banco, ele escolheu comprar o que pedi e voltar. 

Vejo as escolhas, e não culpo mais nada nem ninguém, tenho meus dois pés no chão e faço minhas escolhas baseadas neles, conhecimento, crescimento, e acima de tudo, estar em paz comigo mesma. É um conjunto de fatores que me permitem fazer minha escolhas e NÃO me arrepender, até podem não ser as mais "sugeridas" mas são as minhas escolhas!

E continuo escolhendo, sempre, o amor, por tudo e todos! E amando todos vocês desejo um maravilhoso começo de semana, e que setembro traga as flores da primavera! 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Fazer diferente


Ola meus queridos(as)

Aos poucos nosso novo apartamento ovo vai ficando com cara de lar, claro que se você procurar bem ainda vai achar uma caixa perdida em algum lugar escondido que provavelmente ficará esquecida até alguém precisar de algo guardado lá dentro. Tudo mais ou menos no lugar... fiquei refletindo sobre isso, será que tudo tem o seu lugar certo? Claro que não coloquei o microondas no banheiro, mas eu, pelo menos não sou a pessoa mais organizada da face da terra, alias confesso, sou BEM desorganizada e flexível ao contrário de outros que simplesmente não conseguem lidar com nada fora do lugar. Andei pensando que essa necessidade de lidar com uma organização exterior meticulosa e exemplar possa refletir um caos interior... No meu caso, a desorganização exterior é uma extensão do meu pseudo caos interior, e tudo bem! 

Nem sempre consigo lidar de forma serena com meus sentimentos, nem sempre consigo estar em equilíbrio, nem sempre consigo usar a lógica e a razão...e tudo bem! No fundo o truque é você se aceitar, mas a aceitação só vem com conhecimento. Falamos muito que a maior viagem que se possa fazer é para dentro de você mesmo em busca do auto conhecimento mas aonde comprar essa passagem? De qual aeroporto sai esse vôo? Quanto custa? Quanto tempo vai demorar? Olha, só tenho resposta para duas destas 4 perguntas, não custa nada pois é de graça e demora uma vida inteira (ou várias).

No final do ano termino a pós graduação em projetos sustentáveis e mercado de carbono, algumas propostas inesperadas aparecendo... mais mudanças a vista, será? Como diz o meu pai, pagando bem que mau tem. Pois é, entendo, não julgo MAS acho que faço parte de uma geração na qual cultivávamos o idealismo e trabalhar para uma gigante multi nacional seria o mesmo que "se vender ao sistema". Hoje busco algo intermediário, nem tão ONG nem tão Exxon, entendem? Nem eu (ainda)! No fundo continuo regando meu sonho de abrir minha própria consultoria um dia. 

O Caiçara, mais uma vez, levantou e voltou a caminhar. Passou alguns vários dias deprimido, puto com ele mesmo, decepcionado, sem ver a luz no fim do túnel mas acabou o velório e lá foi ele a luta novamente. Durante esse período pratiquei intensamente meu desligamento com amor, deixei o PS agir e assim ele enterrou o defunto sozinho. Conversamos sobre a possibilidade de uma nova internação, pense a respeito. Ele pensou, não, preciso lidar com a realidade e apreender a ficar limpo nas ruas, na clínica é fácil. Bom, respeitei sua decisão talvez porque já foram duas internações, ele sabe o que tem que fazer e entrar naquele ciclo, interna, sai, recai, interna, sai, recai... não esta funcionando, então vamos fazer diferente desta vez! Pode dar certo ou não. Mas continuar fazendo as mesmas coisas esperando resultados diferentes é insanidade.



terça-feira, 26 de agosto de 2014

Se ele não parar de usar drogas ele vai morrer...


Ola meus queridos(as)

Dia um pouco complicado, o I. acordou de madrugada simplesmente ensopado de cocô (desculpem os estômagos mais sensíveis); baita diarréia... perdi a conta de quantas fraldas eu troquei durante a manhã (ele não foi na escola, eu não trabalhei e a super babá só chegou a tarde hoje). E no meio disso tudo, ainda estou absorvendo as últimas; o Caiçara simplesmente colapsou na calçada, foi "acodido" pelos "caras" que estavam usando com ele, colocaram ele num colchão e depois o levaram para um buraco qualquer aonde ele dormiu. A cada tossida dele, e foram inúmeras e constantes (quem mandou ir fumar crack justo nestes dias de humidade quase zero...até eu que não fumei crack por três dias seguidos não paro de tossir, a qualidade do ar esta péssima na cidade) uma mescla de sentimentos, em alguns momentos compaixão em outros foda-se (bem feito), não tem uma balinha de hortelã? Hã, não. 

Fiquei imaginando a cena, ele desmaiando de tanto fumar pedra no meio da calçada, inconsciente jogado num colchão imundo, cheio de percevejos e cheirando a mijo... um fantasma, um nada, um lixo. Fiquei imaginando esse espectro sujo e fedido me beijando, fazendo amor comigo, sendo o pai do meu filho. Não teve programação que me segurou, e a raiva explodiu dentro de mim como um vulcão em erupção! Como você ousa virar esse trapo humano? Você É o PAI do meu filho lindo, maravilhoso; sai da minha frente, não consigo nem olhar na sua cara, se você tossir de novo eu mato você! Se o crack não te matar MATO EU!!!!!!!!!!

Serenidade no pé, como tudo isso me chocou e abriu meus olhos, não, abrir os olhos é pouco, eu VI o inevitável. Por mais que eu fale e repita os famosos três C's do NA (clínica, cadeia e caixão), por mais que eu saiba que essa doença é crônica, progressiva e fatal, pela primeira vez as palavras FATAL e CAIXÃO deixaram de ser apenas palavras e se concretizaram nesta realidade dura, nua e crua. Se o Caiçara não parar de usar drogas ele vai morrer! Simples assim... 


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Enquanto ele continuar escolhendo a droga, sua vida será uma droga


Ola meus queridos(as)

Antes de mais nada, mais uma vez sou extremamente grata a todos os companheiros(as) que me acolheram neste momento difícil, seu apóio, suas palavras de carinho, enfim... essa irmandade maravilhosa que mais uma vez me abraçou e não deixe a peteca cair! AMO TODAS!!!

Como era previsível a margarida deu o ar da graça, entre o kilômetro 5 e 6 da minha corridinha matinal ele liga do orelhão (a cobrar óbvio, mais um celular que foi para o saco). Oi Caiçara, estou ocupada agora (correr e falar ao mesmo tempo não dá, falta oxigênio) ligue mais tarde, tchau. Por um milionésimo de segundo pensei em parar o que estava fazendo e atendê-lo, eita codependência! Desliguei, terminei minha corridinha, voltei para casa e fui tomar banho pensando no que falar quando ele retornasse a ligação... Uh. 

Não demorou muito e lá estou eu escutando aquela mesma ladainha de sempre, destruí minha vida, perdi tudo, vou embora para Peruíbe. Tá bom, é a sua vida, faça o que você achar melhor... Ah, mas será que você pode me fazer um favor? EU?!!!!! Nem adianta pedir, a resposta é NÃO. Mas você nem sabe o que vou pedir? Não interessa, não posso fazer mais nada por você neste momento. A única pessoa que pode te ajudar é você mesmo; sinto muito; seja feliz tchau! E assim foi meus queridos, decisão tomada. Como diz uma sábia sumida Japa, se não soma some; não só ele não estava somando nada como subtraindo muito; e no final o saldo ficou negativo e decidi que não vou mais me prejudicar pagando os juros e correções monetárias desta conta negativada. Chega.

Não guardo mágoas nem rancor... e espero que com o tempo, possamos ser amigos, afinal de contas temos um filho em comum. Alias conversando com uma amiga querida, cheguei a conclusão que eu quis tanto que o Caiçara fosse um pai para o I. que acabei passando em cima de muitas coisas, fantasie um pouco, afinal de contas a última coisa que eu quero é ver meu filho sofrer. Mas tenho que aceitar o fato que o Caiçara não é um pai para o I. HOJE; só o tempo dirá se ele será um pai no futuro. O I. só terá um pai no futuro, se nesse futuro esse pai estiver limpo e em recuperação, se responsabilizando pela sua vida, apreendendo a encarar as dificuldades de cara limpa, sendo uma pessoa humana, solidária e amorosa com o outro. Enquanto ele continuar escolhendo a droga, tenho a enorme impressão que sua vida continuará uma droga! 

domingo, 24 de agosto de 2014

Responsabilidade e Humildade


Ola meus queridos(as)

Domingo de sol, preguiçoso... meu pequeno na sua sonequinha da tarde, eu pesquisando preços de pacotes de viagem (esta na hora do I. conhecer uma praia com P maiúsculo, Fernando de Noronha ou Maragogi são fortes candidatas). Olho pela janela e por alguns segundos me pergunto aonde estará o Caiçara, em que noite ele se encontra neste dia tão ensolarado. Que escuridão ele vive nesta tarde tão iluminada, que barulho ele escuta neste silencioso domingo... jamais saberei, não vivo a vida dele, não faço as escolhas que ele fez/faz, não sinto o que ele sente MAS consigo imaginar o pesadelo no qual ele se encontra e sentir compaixão. Uma das coisas, entre várias que apreendi ao longo destes anos convivendo com um dependente químico é que eles sofrem e muito também. Ele não usa drogas para me ferir ou machucar propositadamente; absolutamente nada haver comigo ou qualquer outra pessoa; não é uma afronta pessoal à mim ou qualquer outro; ele é doente e sua doença saiu de controle. E porque saiu de controle? Porque ele não estava tratando dela, simples assim.

Conhecendo o Caiçara como "acho" que conheço, mais uma vez ele subestimou sua doença, acreditou que estava no controle, que uma só não iria fazer mal; enfim o mesmo blablabla de sempre; auto-sabotagem clássica. Honestamente, os porquês não me interessam mais. O que realmente interessa sou eu frente a tudo isso, pois mais cedo ou mais tarde ele vai acabar dando sinal de vida (se estiver vivo né?), com o mesmo discurso, cheio de arrependimento, aquela ressaca física e moral pós dias na ativa... Olha, esta ficando tão monótono tudo isso que chega a dar tédio. 

Duas palavras: Responsabilidade, essa é a primeira palavra. O Caiçara precisa se responsabilizar pela sua vida, conversando com o rapaz/genro que casou com a bruxa evangélica no telefone ficou claro o que eu já suspeitava. Ele não se responsabiliza por nada, vai lá faz e foda-se; durante anos as consequências dos seus atos foram absorvidas pelo escudo mãe (essa já foi, morreu passando um pano para o filho), depois a irmã bruxa evangélica (que hoje chutou o balde) e por último eu. Já caminhei milhas e milhas MAS preciso me monitorar para não pegá-lo no colo quando a merda bate no ventilador.  A segunda palavra é Humildade, com ela vêm a rendição, a aceitação e finalmente, o primeiro passo para a recuperação. 

sábado, 23 de agosto de 2014

Havaianas

Ola meus queridos(as)

Sábado, quase dez da noite e nada, nem um sinal de fumaça... qualquer outra hipótese a essa altura do campeonato foi por água abaixo. Só espero que ele esteja vivo. Enfim, acho que as coisas estam caminhando para o inevitável, conversei com o rapaz/genro dele sobre qual a melhor conduta a tomar. Honestamente, e deixei isso bem claro, não posso fazer mais nada, nem emocionalmente nem financeiramente (se outra internação for necessária). 

Interessante como apenas enxergamos o que queremos, mas HOJE eu vejo tudo (até o que não quero), e o mundo fica mais claro e mais tranquilo de encarar. Fui correr na esteira, sai para fazer compras no supermercado, brinquei com meu filho, trabalhei um pouco enquanto ele dormia, e assim passou o sábado; mais um sábado tranquilo (independente dele). Aos poucos fui apreendendo a simplesmente viver sem ele, e olha... não é difícil. É só tentar, e agora digo isso a vocês minhas companheiras que continuam passando noites em claro, cheias de culpas (que não são suas), remoendo o armário ao invés de renovar o armário, jogar fora o que não cabe mais, insistindo em caber naquela calça jeans que não serve mais... Eu não julgo nada nem ninguém, cada um sabe aonde o sapato aperta; mas quando o MEU sapato ficou pequeno porque meu pé (alma) cresceu não vou machucá-lo querendo usar aquele salto alto maravilhoso que não serve mais... vou de havaianas mesmo!

E assim fico confortável comigo mesma, sem salto alto e de chinelo... 


Será esse realmente o fim?


Ola meus queridos(as)

Mais de 24 horas de caixa postal... a velha estória, ontem iríamos almoçar juntos e até agora nada. Eu realmente fico triste em ver a sua dificuldade em se manter limpo por mais que uma meia dúzia de meses. Engraçado o que é intuição, uns dias atrás estava lembrando que ele estava chegando nos 5/6 meses críticos, mas no meio da mudança toda esqueci, alias eu nunca fui de ficar contando tempo limpo dos outros. Mas o Caiçara é britânico no seu cronograma, 5/6 meses limpo, recaída, 5/6 meses limpo, recaída... e assim anda o seu relógio. Posso estar soando sarcástica mas é a realidade.

Poderia estar aqui também justificando sua recaída, deixei claro que ele não moraria comigo e o I. no nosso apartamento novo, que a nossa relação necessitava de equilíbrio (e não eu sempre sobrecarregada), que ele pediu demissão no restaurante e esta desempregado, que ele recebeu meia dúzia de dinheiro da rescissão do contrato e blablabla... No fundo a realidade é  uma só, ele usou (ou esta usando drogas neste presente momento) porque QUER! E só irá parar de usar quando quiser parar também (ou o dinheiro acabar)... é simples assim meus queridos. 

Claro que fico triste, principalmente porque vejo que o espaço que ele ocupa na minha vida diminui a cada dia, a cada "droga" de comportamento, a cada pedra de crack que ele fuma, a cada recaída... e eu vou caminhando sem olhar muito para trás. Sofrer eu não sofro mais faz tempo... e agora nem doer dói. Será esse realmente o fim? 


Casa nova vida nova


Ola meus queridos(as)

Ufa! Finalmente todas as caixas devidamente esvaziadas, internet operacional (e a TV, graças a Deus assim o I. distrai um pouco e me deixa trabalhar no computador), fogão funcionando... enfim, habitável. Aos poucos vamos arrumando o resto não essencial. 

Nunca morei em prédio, ainda mais no décimo oitavo andar; é alto para caramba. A primeira providência for colocar tela de proteção em tudo, desde da varanda até a janelinha do banheiro e colocar medo no I. (se você cair lá embaixo você morre então NÃO chegue perto da tela!). Também fiquei um pouco preocupada do I. estranhar a mudança de ambiente físico, que nada... chegou já tomando conta do pedaço, dormiu super bem no seu novo quartinho. Alias acho que ele se adaptou muito melhor do que eu! Crianças são muito flexíveis, adaptam-se rapidamente pois vivem sem carregar aquela bagagem sabe? Enquanto nós, adultos, quanto mais o tempo passa mais relutamos em simplesmente aceitar o novo.

Passado esses primeiros dias, começo a "gostar" de morar aqui, a vista é linda (de frente para uma praça), dois minutos a pé da escolinha do I. (um luxo poder levar seu filho a pé para escola em Sampa nos dias de hoje), o pão da padaria da esquina é muito bom, e a cerveja do boteco bem gelada! Ainda não estreiámos a piscina mas a academia de ginástica já! Resolvi voltar a correr, estou super fora de forma, parei de correr no meio da minha gravidez e nunca mais voltei e lá se passaram três anos. Agora não tem desculpa, é só pegar o elevador. Claro que não tenho a pretensão de voltar a correr como antes, participando de meia maratonas e treinando todo dia (não tenho mais tempo nem idade), mas um condicionamento físico mínimo para bater uns 10 K sem infartar!!!

É isso meus queridos, casa nova vida nova!

sábado, 9 de agosto de 2014

Incrível Hulk


Ola meus queridos(as)

Eita, esse negócio de mudança esta dando um trabalho... saudades do tempo que mudar era simplesmente colocar minha mochila nas costas e ir para o aeroporto! Agora é caminhão, maquina de lavar, sofá, um trilhão de caixas de brinquedos, papéis, livros e sei lá eu mais o que estam dentro daquelas caixa empilhadas no meio do que, um dia, foi uma sala e virou um campo de refugiados. Mas estamos quase lá, semana que vem tudo acaba e um "novo" tudo começa em outro lugar!

E no meio desse pseudo caos estou em paz e feliz. Hoje foi o primeiro dia dos pais (andiantado) que o Caiçara esteve presente na vidinha do I. Festinha do dia dos pais na escolinha, só pais (nada de mães) e a criançada, confesso que debati uns bons dias comigo mesmo, pensei até em pedir para o meu super pai acompanhar o I. (afinal de contas ele é uma figura masculina muito presente na vida do I.), poderia ir eu (mas não sou pai e certamente ninguém falaria nada mas pensariam tudo, desde viuva até divorciada rancorosa) ou simplesmente não ir (puxa, não é justo com o I., é a festinha da escola). Comuniquei o Caiçara, qual o meu prazer em vê-lo na porta da escola as 9 da manhã! E o sorriso do pequeno, e lá foram os dois por duas horinhas só deles na festinha da escola com direito a cupcake, desenho de peixe e fotinho dos dois fantasiados de super heróis (não sei se eles escolheram ou aleatoriamente, mas os dois de incrível Hulk ficaram uns fofos)! 

E assim caminha a humanidade por aqui... Amanhã quem vai passar umas horinhas com o seu super herói sou eu, almoço na casa do papai! 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A mudança


Ola meus queridos(as)

Se eu desaparecer por uns dias é porque simplesmente estou mudando, literalmente mudando... encaixotando tudo, caminhão, etc... Deixo esse mausoléu com 7 banheiros, 3 suites e sei lá eu quantos mil metros quadrados por um apartamento ovo, de 60 metros quadrados, dois micro quartinhos MAS (e me dói disser isso) longe da minha mãe e talvez, mais próximo da minha serenidade! 

No começo, quando a idéia surgiu, confesso que fiquei no mínimo surpresa, depois questionei a lógica disso tudo, depois tive medo (sei lá eu do que... do novo?) e agora empolguei! Mudança sempre é mudança, essa é a essência de mudar, no começo relutamos um pouco (ou muito), depois aceitamos e no final abraçamos o novo, o desconhecido e nos jogamos de cabeça (pelo menos eu). Já estou eu aqui planejando o novo quartinho do I. com direito a um fundo do mar a lá Jacques Cousteau, baleias, golfinhos, tartarugas marinhas, algas, conchas (pena que minha criatividade é pequena mas conto com ajuda externa)! E faremos também o seu próprio céu, cheio de estrelas, planetas, luas, constelações... Lembro quando eu era criança do meu céu que colei no teto do meu quarto. 

Porque ficar insistindo no que não esta dando certo? Morar na gigante casa da minha mãe (apesar dela não realmente morar aqui) não estava funcionando, pois ela se via no direito de entrar e sair ao seu bel prazer, criticar, apontar, questionar (Meu Deus! tem uma lata de cerveja na pia, a roupa ainda esta no varal, a sala esta uma bagunça, as plantas estam morrendo...socorro!).

Porque estou escrevendo tudo isso? Porque todos nós, de uma forma ou de outra nos vemos  confrontados com a necessidade de mudar e a relutância em fazê-la, A MUDANÇA! Que seja física, emocional, espiritual, profissional... e tantas outras que não se enquadram em nenhuma categoria formal. Mudar o seu ser! 

sábado, 2 de agosto de 2014

A "droga" do comportamento


Ola meus queridos(as)

As vezes me sinto refém da "droga" do comportamento. Ele não esta usando drogas MAS a droga do comportamento é tão devastadora quanto... Simplesmente porque o dependente químico escolheu não usar mais drogas (só por hoje), tudo é uma maravilha? Claro que não, alias temos as oscilações de humor, a abstinência e outros fatores que agravam alguns comportamentos. Todos nós, seres humanos, temos facetas da nossa personalidade moldadas geneticamente, socialmente etc... somos nós, quem somos. O Caiçara é uma pessoa agitada, inquieta por natureza, porém tudo isso é intensificado escalando para uma certa agressividade quando sente-se confrontado, deslocado, inseguro e diminuído. E principalmente quando eu não o incluo nos meus planos a curto prazo, ou quando ele observa que eu tenho uma vida independente dele. Você se preocupar com a pessoa querida é saudável, você querer resolver a vida da pessoa querida tem nome, é codependência. Já escrevi a respeito disso anteriormente, mas volto neste ponto, grande parte dos adictos são codependentes também. 

Durante os dias na praia tivemos uma discussão a lá DR (que eu acho um saco) no mínimo desgastante ao ponto dele, mais uma vez, arrumar suas coisas e ameaçar ir embora... olha ele já arrumou as coisas para ir embora tantas vezes que chega a ser uma perda de tempo. Ele ameaça, eu simplesmente faço nada para impedi-lo e pateticamente, lá ele fica plantado na porta até perceber que eu não vou me descabelar, me jogar no chão e muito menos, implorar para ele ficar. Viva e deixe viver (obrigada Nar-Anon)! 

O ciclo é mais ou menos esse; ele sente-se inseguro (auto estima no pé), começa a chantagem, não funciona, ele fica puto, continua não funcionando, ele faz a cena dramalhão mexicano, continua não funcionando até que finalmente, ele entende que NÃO funciona e desisti mas até chegarmos lá, que saco. A única vez que arrumei as minhas coisas, fui embora e acabei um casamento de 15 anos; sem ameaças, sem chantagem... simplesmente comuniquei minha decisão e fui embora. Já o Caiçara usa esse comportamento como moeda de troca, e quando percebe que não haverá nenhuma negociação ele volta atrás. Um dia talvez ele volte atrás mas quem vai ter arrumado as malas sou eu se essa "droga" de comportamento perdurar... 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Parabéns meu bebê


Ola meus queridos(as)

Saudades de todos... mas tirei umas merecidas férias! Não de vocês, mas optei por simplesmente ir sem saber o que acontecia no mundo. Praia! Passei uns dias onde nunca deveria ter saído, cada vez que desço a serra tenho mais certeza que nunca deveria ter subido... Eita!  Amigos, amor, carinho... tudo que cada vez menos tenho aqui em cima da serra (tá, tenho outras coisas, dinheiro, melhor escola, estress, trânsito, mãe neurótica, etc...). Olha, colocando na balança qualquer um diria, Dona Barriga você esta fazendo exatamente o que aqui nesta metrópole? Nem eu sei... 

Eu amo Peruíbe, é uma cidadezinha sem futuro nenhum cuja população é divida entre evangélicos, aposentados e " drogados" (sabemos melhor hoje, então vamos de adictos), não exatamente nesta ordem MAS eu amo todos eles! O tiozinho que todo santo dia senta no mesmo lugar na padaria e pede o mesmo café e reclama das mesmas coisas... da maluca velha católica que benze meu filho toda vez que o vê na praça da Igreja, da caixa do supermercado que pergunta do meu amado Drago (cachorro) que morreu anos atrás... Figuras, caricaturas, peças de um teatro MAS eles são felizes, com nada ou tudo. 

E no meio deste zoológico harmonioso meu pequeno completou três anos de idade, entre as pessoas que mais o amam, entre o mar e a terra, entre o céu estrelado e as ondas quebrando na praia, entre eu e seu pai! Tudo misturado, único e amado, acima de qualquer coisa! 

Parabéns meu bebê (para mim sempre será, não tem jeito), continue sendo esse farol para todos nós que temos o imenso prazer de fazer parte da sua vidinha. 

Mas, nem tudo são flores então aguardemos o próximo post! 


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ela voltou (ou nunca foi embora)


Ola meus queridos(as)

A minha velha e boa conhecida codependência ressurgiu das cinzas com força total ontem a noite! Até eu fiquei assustada com sua visita inesperada, inexplicável. Foram 23 ligações (e dá-lhe caixa postal), aquela sensação horrorosa que estou me afogando, aquela "amiga"insanidade tomando conta de mim...  Perdi a conta de quantas orações da serenidade eu rezei, perdi a conta de quantas cervejas eu tomei, perdi a conta de TUDO. E dormi exausta.

Acordei hoje de manhã com uma imensa ressaca moral, antes das 8 ele me liga "oi amor, bom dia, esta tudo bem, vi suas ligações perdidas de ontem a noite... desculpe, dobrei no trabalho cheguei muito cansado e capotei". Eu simplesmente quis morrer de raiva de MIM! Cavar um gigante buraco e me enfiar lá dentro... Tentei disfarçar, mas ele me conhece melhor do que eu. Conseguimos almoçar juntos, ele compreensivo, eu me cobrando, ele sereno, eu insana, ele um doce, eu azeda... Eita codependência que gruda na gente! 

Independente das minhas brincadeiras, pois o negócio é levar na esportiva mesmo senão eu pulo da janela, fiquei no mínimo surpresa com essa "crise" codependente. Subestimei, minimizei, acreditei que ela tinha ido embora... quase como o dependente químico em recuperação. Ilusão, ela esta lá, apenas controlada, latente e na primeira oportunidade volta com força total. E se alimentada, cresce exponencialmente. Optei por não alimentar, e lentamente ela volta para o porão (cadê a chave para trancar esse monstro lá?) e faço as pazes comigo, com ele. 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Pular do muro


Ola meus queridos(as)

Esses últimos dias ando com uma sensação (sentimento, intuição?) no mínimo estranha, como se o nível de água suportado pela barragem estivesse subindo, lentamente, e sem aviso a barragem vai ceder e imundar tudo causando um alagamento catastrófico. E não, nada relacionado com o Caiçara, sou eu mesmo! Ele continua matando um leão por dia, com seus altos e baixos como qualquer ser humano, vivendo a sua vida um dia de cada vez... 

Faço uma tentativa de racionalizar essa "inquietação", o que esta me incomodando? Pois algo esta. Em termos práticos, continuo na mesma com minha mãe (ou seja, mínimo contato possível), continuo morando em São Paulo (o que eu odeio) e continuo não resolvendo algumas questões profissionais que me permitirão mudar daqui... Fico no meio do muro. O que está me paralisando e impedindo de simplesmente pular do muro? As vezes dá aquela vontade de chutar o balde, esvaziar a conta no banco e ir... mas com uma criança de quase 3 aninhos não dá mais, nem conseguiria fazer isso. Então é necessário planejamento, e sei lá eu porque, quando começo esse planejamento ao invés de me sentir excitada desanimo... e me auto saboto tentando me convencer que esta "bom" assim, temos uma vida confortável, um trabalho que paga as contas, uma escolinha boa, uma padaria maravilhosa na esquina de casa e um metro na porta. Uh... mentir para você mesma é quase impossível! Pode até estar "bom" assim mas não é o que eu quero de "bom". Coragem mulher!!!!!!! "coragem para modificar as coisas que eu posso". 

Comprei umas roupinhas online para o I. de uma confecção muito alternativa, algodão de alpaca com uma proposta sustentável de uma empresa inglesa; e assim conheci um pouco da vida desse casal. Uns bons anos atrás eles decidiram viajar pela América do Sul por um ano, conhecendo as culturas, os povos, os lugares. Voltaram para sua vidinha confortável em Londres, mas a paixão tinha se instalado, e com seu bebê se mudaram para essa ilha perdida no litoral da Bahia (aonde moram, hoje com mais duas crianças), criaram a confecção (que administram online das 8 da manhã as 2 da tarde), e vivem uma vida simples e harmoniosa curtindo a infância dos filhos com direito a um banho de mar coletivo todo final de tarde.  Eles pularam o muro... 


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ressaca


Ola meus queridos(as)

Boca seca, dor de cabeça e dá-lhe um galão de água... parece que acordei depois de uma semana enchendo a cara na Oktoberfest! Perdi a conta, 1, 2, 3, 4, depois do 5 gol quase entrei em coma alcoólico (to brincando)! Ressaca brava, física, moral... RESSACA! 

Sieben X Eins... eita! Para alguma coisa serviu meus anos estudando alemão no Goethe Institute, contar em alemão! Olha queridos, só levando na esportiva mesmo, se é que isso é esporte, não, fomos atropelados, massacrados, esquartejos, estuprados... Vexame histórico! A seleção brasileira nunca perdeu de 7x1 nos últimos 100 anos (nosso pior resultado foi 6x1 do Uruguai em 1920)! Imagina em 2114 algum comentarista esportivo lembrando do massacre 7x1 de 2014... Eita! Foi feio. Como diz o querido PVC da ESPN, era melhor ter perdido de 2x1 da Argentina na final! Concordo.

A Vila Madalena esta de luto, São Paulo esta de luto, o Brasil esta de luto, um silêncio cadavérico, um vazio assustador, uma tristeza fria das catacumbas germânicas e milhões de brasileiros zumbis sem entender NADA! Eu confesso que ACHEI que entendia alguma coisa de futebol, depois de ontem, desisto. Continuarei amando futebol, torcendo como uma louca pela nossa seleção MAS não entro em bolão nenhum nunca mais! 

Perder faz parte do jogo, mas ser dizimado assim?! Achei muito bonito alguns comentários/artigos que li por ai dos jogadores alemães pois até eles não entenderam como o Brasil perdeu desta forma, e alguns ficaram até constrangidos por massacrar os penta campeões do mundo assim e em casa! Pois é, adeus maracanã... até um outro dia (espero que ainda esteja viva para ver o Brasil ser campeão em casa, mas acho difícil).

Entre mortos e feridos salvaram-se todos, por pior que seja, herdamos estádios maravilhosos, concretizamos o sonho de sediar uma Copa, apreendemos que não somos os melhores do mundo... pena que lembrarei desta Copa como a copa que meu filho não viu o Brasil ser campeão. E abusando do jargão "bola para frente"!

Porém algo bom sempre surge, vendi meus ingressos para a final (super faturados claro) para uns alemães hoje e vou tomar sol no nordeste em breve, patrocínio Fifa! Danke schön!

domingo, 6 de julho de 2014

Pai herói


Ola meus queridos(as)

Vocês que acompanham essas melecas que eu escrevo provavelmente notaram que meu pai, apesar de não ser mencionado com freqüência nos posts, é uma figura importantíssima na minha vida... eu consigo me ver sem o Caiçara, sem minha mãe, sem babá AGORA sem pai não!

Meu pai não é simplesmente um pai, ele é meu alicerce, a pessoa que me apóia incondicional, me abraça quando eu preciso de um colo, me chulapa quando eu também preciso... Hoje, ele é a única pessoa que eu realmente escuto. Ele é o super-man? Ou qualquer outro herói de estórias em quadrinhos? Não... ele não tem super poderes, mas olha dentro de mim como ninguém, ele sabe quem eu sou mesmo quando eu não sei. Desde dos tempos da minha infância, ele sempre foi e é minha referência, um farol nas tempestades e nas noites estreladas também. Sempre firme, presente, amoroso, cuidadoso, e acima de tudo, justo! 

Ao longo da sua vida, fez inúmeras escolhas (inclusive se separar da minha mãe), certas, erradas, e hoje, depois dos 70 anos, exala felicidade, sucesso (sim, meu pai é uma pessoa muito bem realizada profissionalmente). Desculpe mas ser o primeiro cirurgião pediátra a realizar uma separação de gêmeos xilófagos neste país e as DUAS crianças sobreviverem não é para qualquer um, encabeçar o grupo de transplante de fígado em recém nascidos no HC também não é para qualquer um, ter realizado a primeira cirurgia intra-uterina num feto com miolomingocele que nasceu e hoje esta muito bem obrigada, não é para qualquer um... Bom, não vou descrever o currículo profissional do meu pai, mas ele ama o que faz, alias ele ama tudo que faz; inclusive essa filha meio maluca! Ele simplesmente ama viver, no fundo é isso.

Ele tem um amor profundo pela vida, de todos; e mesmo com todas as escolhas "erradas" que eu tenha feito, não há julgamento, apenas amor e uma força incrível que move montanhas, e a certeza que eu sou (para ele) a filha mais maravilhosa do mundo, e se alguém achar o contrário... que vá dormir em baixo da pia! Isso é o meu pai herói. 

A primeira vez


Ola meus queridos(as)

Continuamos no clima Copa total! O I. vai vestido de verde e amarelo todo dia para escola, não pode ver uma bandeira do Brasil que grita GOL (será alguma influência minha e do Caiçara?)! Ontem conseguimos nos encontrar e "sofrer" junto com a Holanda nos penaltis... que Copa mais maluca essa. Ele voltou a abordar o assunto "voltarmos a morar juntos", é pois é... mais uma vez fui clara e assertiva (acho eu), quando sua ficha no NA for bem pretinha a gente conversa novamente. Porque essa necessidade de ficar me pressionando já sabendo que não funciona mais?!!! Enfim, houve um certo desgaste, mas agora eu vou de psicologia reversa, perguntei para ele: E se fosse o contrário? Eu a adicta que já fez todas as merdas e mais algumas, limpo a pouco tempo e você batalhando as coisas com um filho pequeno? Você voltaria a morar comigo? Não né? Deve ter surtido algum efeito pois ele não tocou mais no assunto e aproveitamos o resto do dia juntos...

E a noite também... Eita, estava com saudades de dormir de conchinha. Engraçado, já vivemos tanta coisa, já moramos juntos, temos um filho juntos e hoje, que gostoso, simplesmente namorar! Voltamos a fazer amor como se fosse a primeira vez, voltamos a conquistar o outro como se fosse a primeira vez, voltamos a nos olhar como se fosse a primeira vez... Voltamos a nos apaixonar. 




segunda-feira, 30 de junho de 2014

Quem esta em paz não faz guerra


Ola meus queridos(as)

Continuamos no caminho, em busca sempre de um hoje melhor que ontem... MAS sou gente sabe, e confesso que estou um pouco chateada com algumas situações que aconteceram e vem acontecendo; refleti muito e MUITO mesmo e talvez esse seja o meu momento de fechar o ciclo. Eu não quero passar a metade da minha vida que resta "minhocando" sobre dependência química e codependência. Eu não quero passar a próxima metade da minha vida fazendo parte do "clubinho", alias eu não tenho vocação para fazer parte de clube nenhum (só se for de campo, com piscina, cerveja, sauna e campo de futebol). 

Porque estou escrevendo isso? Pela única razão que por mais que doa, em nós que convivemos com um adicto (ou diabético ou cardíaco), somos apenas mais um... nada de especial nisso. Nada de levantar uma enorme bandeira e nos sentirmos "especiais" e sair por ai com uma espada na mão achando que salvaremos a humanidade e acabar com as drogas (ou a pobreza, ou a injustiça). Olha, demorei muito e MUITO tempo, fui do 8 ao 80... e hoje, sei quem eu sou, minhas limitações, meus inúmeros defeitos e imensas qualidades e NÃO, não levanto mais nenhuma bandeira. Que comece por mim, é exatamente isso; e se algum efeito domino for engatilhado por essa iniciativa, ótimo, senão...continua começando e terminando em mim! 

Quanto mais esvazio esses estigmas, esses pré-conceitos e grande parte deles todos impostos por mim, a caminhada fica mais leve, mais tranquila, mais "seja o que  Deus quiser"...  Não perco mais um por do sol, um sorriso do meu filho, uma cerveja com um amigo porque a dependência química bateu na minha porta. Leio muito algumas companheiras descrevendo a infindável LUTA...

Luta? Eu não luto mais com nada nem ninguém, principalmente porque sou impotente, se eu entrar nesta luta (como já fiz no passado) será desleal, já perdi...sem nem começar a briga! A única luta que eu posso travar é comigo mesmo, essa sim poderá dar um resultado favorável mas lutar por algo ou alguém que não seja eu... nem nos penalties! Não luto mais, pois quem esta em paz não quer guerra.

Rumo ao hexa enfarte


Ola meus queridos(as)

Se as oitavas de final foi assim, sofrida, nos penalties; o que será do meu coração quarentão na final da Copa? Enfarto do miocárdio certamente... Socorro! Momento Copa do Mundo total, assistindo até Costa Rica e Grécia, entrando em tudo quando é bolão que aparece, acompanhando todos os comentários esportivos... enfim, estou uma pentelha! Só falo da Copa, só respiro Copa e não resisto a uma bandeira do Brasil "made in China" sendo vendida pelo camelô da esquina, acabo comprando e para pendurar aonde? Só se for dentro da geladeira agora! Sera que é fuga? Sei lá... que venha as quartas de final!!!!! 

O I. oficialmente entrou de férias, mas continua na escolinha no "curso" de férias. Alguém que vive neste século, é mãe e cria seu filho sozinha pode me explicar como consegue simplesmente ficar um mês inteiro de férias junto com o seu filho de férias também sem ter ganho na mega-sena? Eu não... mas a culpa gruda na gente. Hoje de manhã quando fui deixar o I. na escolinha, uma meia dúzia de mães, com a mesma cara que eu, com aquele mesmo sentimento, silenciosas, sem opção, todo mundo atrasado para trabalhar, deixando seu filho de férias no "curso" de férias... Bom, pelo menos uma semana eu consigo dar um jeito, estou planejando uma escapadinha no aniversário dele; sair um pouco, novos ares, velhos amigos, amada praia... 

E o Caiçara? Cuidando da sua vida, e SOZINHO! Palmas para mim, que não resolvo mais nada, não conserto mais nada, não faço mais nada que ele possa fazer por ele mesmo! E acreditem, esta funcionando para ambos... outro dia ele foi promovido no restaurante, é o segundo chef agora, todo feliz. Fomos lá comemorar, e o I. comeu o hambúrguer que ele preparou, só love! Muito bom vê-lo reconquistar sua "humanidade" digamos assim, mas nem todos os dias são flores, nem para ele nem para mim; e aos poucos, apreendemos a viver um de cada vez.  Em alguns momentos ele pergunta porque estou distante; não vejo desta forma, apenas dando o necessário espaço para que cada um possa crescer... Eu brinco, falando sério, esse é o meu espaço e o seu?! São hábitos lentamente modificados; vamos apreendendo a reconquistar nosso espaço, que por um bom tempo (na minha vida) era terra de ninguém e de tudo e todos menos minha! 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Soho


Ola meus queridos(as)

Que astral maravilhoso! Meu bairro foi invadido por diferentes cores, línguas, culturas... com um único propósito, curtir a Copa do Mundo! Acordar de manhã e ir comprar pão virou uma experiência intercontinental, a Vila Madalena se transformou no Soho (um dos meus bairros favoritos de New York, cosmopolita, globalizado, cheio de vida, cultura e estrangeiros do mundo todo). Outro dia ajudei um grego a comprar uma aspirina na farmácia, um russo a pegar o metro, um argelino no supermercado e um compatriota americano a chegar na Paulista! Acabamos até tomando uma cerveja juntos, ele é de Chicago e morei anos por lá... fiquei com saudades. Apesar de todos os absurdos que escutamos (estrangeiros sendo assaltados, ingressos falsificados etc...), vi em cada um desses turistas que estam prestigiando nossa Copa, muita felicidade, alegria por estar aqui e conhecer nosso país.

Assisti o jogo ontem a tarde, Itália e Uruguai (baita jogo alias) num boteco aqui perto de casa (não resisti, chutei o balde) com um grupo animadíssimos de italianos, que mesmo sendo desclassificados, levaram tudo na esportiva, e ficarão viajando pelo país por mais um mês, pantanal, nordeste e amazônia. Puxa, deu uma vontade de fazer as malas e ir junto! Claro que depois da terceira cerveja eles até se ofereceram a pagar minha passagem...rsrsrs.... europeu falsificado esses italianos galanteadores.

No fundo o que estou tentando dizer é que nós mesmos, como brasileiros, não nos valorizamos... É a tal síndrome do terceiro mundo; lembro dos múltiplos anos que morei fora o quanto sempre fui bem recebida, acolhida e até olhada com uma certa inveja; nossa, você é do Brasil! Que exótico! E confesso que em inúmeras viagens optei por utilizar meu passaporte brasileiro (e não o americano). Claro que infelizmente também vendemos uma imagem muito estereotipada, carnaval, mulher pelada e cerveja (temos tudo isso e muito MAIS); é a alma brasileira o grande diferencial. Um coração que pulsa mais forte, um sorriso mais maroto, um abraço mais apertado... brasileiro já nasce sabendo amar intensamente! Brasileiro não sabe o que é levar a vida no banho maria. 



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Cosmos


Ola meus queridos(as)

Finalmente consegui assistir alguns episódios desta série maravilhosa, agora sendo revisitada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson, Cosmos a spacetime odyssey.  Quando eu era criança/adolescente, Cosmos moldou não só a minha percepção do universo mas estimulou uma geração inteira de futuros cientistas (como eu); ainda tenho nas minhas memórias as noites quando Carl Sagan povoada minha imaginação com seus buracos negros, o universo em expansão, o Big Bang, a evolução da vida, a velocidade da luz (constante), a distorção do próprio espaço e tempo devido a força gravitacional...  e suas bilhões de galáxias, constelações, clusters interestelares, nebulosas, estrelas, planetas em números literalmente astronômicos, por exemplo, segundo as evidências o cosmos tem 13.5 bilhões de anos (nosso planeta Terra 4.5 bilhões de anos; ou seja, frente a idade do universo este planeta nasceu ontem e nós então, há um segundo atrás dentro deste calendário cósmico, estima-se que o homo sapiens surgiu em torno de 1.5 milhões de anos atrás). Não estamos acostumados a pensar nessa escala temporal. 

Resumindo, chegamos aqui ontem... mas já sabemos tudo, né? Olha, não sei o quanto vocês, meus queridos, se interessam por ciência, mas quando nos curvamos a esse Cosmos, dois sentimentos ocorrem (pelo menos dento de mim); como somos ínfimos MAS fazendo parte de um todo; e como somos especiais, trilhões de variáveis improváveis se combinaram para existir este planeta, e mais vida neste planeta. Vênus, por exemplo, nosso planeta "irmão" já teve um oceano e uma atmosfera muito parecida na sua composição química como a nossa e hoje, é um gigante efeito estufa com temperatura média de 460 graus celsius (o que fundi chumbo em poucos segundos) devido a enorme quantidade de dióxido de carbono na atmosfera que retém o calor. 

Simplesmente o Cosmos é deslumbrante! E ainda estamos engatinhando nele!





quinta-feira, 19 de junho de 2014

Climão


Ola meus queridos(as)

Feriadão gelado e chuvoso, pensei em descer para praia, quando as coisas apertam por aqui é sempre a primeira coisa que eu penso... sair correndo para praia. Mas com o I. meio resfriado achei melhor não, principalmente porque Corpus Christ é um feriado carimbado, SEMPRE chove na praia! 

O climão esta instaurado, minha mãe passou por aqui para deixar um presentinho para o I., se trocamos meia dúzia de palavras (e digo palavras, nem frases completa) foi muito; e assim o abismo vai abrindo cada vez mais. Nem uma palavra sobre o email, nada. Enquanto ela brincava com o I. na sala, continue na cozinha preparando o minestrone e recitando a oração da serenidade umas mil vezes... deu certo. E ela se foi como chegou, tchau... até mais.

Climão com o Caiçara também, não tenho a mínima vontade de vê-lo depois do dramalhão. Ele liga,  perguntando se poderia vir, uh.... melhor não. Silêncio monumental no celular, minutos depois simplesmente digo, olha não vou ficar pagando fortunas de celular para não escutar nada, tchau. É, hoje é o dia do "oi" e "tchau"mesmo! Economia de palavras.

Poderia ter feito de conta que estava tudo bem (com os dois), fazer aquela minha cara de paisagem, jogar conversa fora MAS hoje eu respeito os meus sentimentos, não preciso agradar nada nem ninguém! Se não estou bem porque vou ficar fazendo sala ou passando o pano? Não mais. Isso não significa que tenho que extravasar, vomitar em cima dos outros; não. Apenas guardo para mim até digerir melhor (pois nem eu sei direito o que estou sentindo); e num segundo momento, dialogar.  Antigamente estaria me desdobrando para "quebrar" esse clima, consertar, resolver... hoje, não tenho medo de climão e sei que não cabe a mim resolver nada, só o que é do meu domínio. 



terça-feira, 17 de junho de 2014

Dramalhão mexicano


Ola meus queridos(as)

Pois é, ficamos no zero a zero mesmo com o Mexico; mas esse resultado não é nada frente ao dramalhão que eu presenciei do Caiçara essa tarde. Ele sabe que eu não estou nos meus melhores dias, muito chateada ainda com a situação com minha mãe, o grupo enfim... não precisava mais uma né? Nosso tempo esta curto, voltamos a nos ver pouco (por N motivos) e finalmente, desde que começou a Copa conseguimos assistir um jogo do Brasil juntos num barzinho aqui perto de casa. O que poderia ser um momento gostoso virou um caos, ao ponto de simplesmente pagarmos a conta faltando 15 minutos para terminar o jogo, eu sufocada querendo sair correndo antes que esquecesse todos os passos e jogasse na cara dele que NÃO DÁ para ele ficar me cobrando! 

Sim, venho levando as coisas no banho maria, tentando acomodar tudo e todos da melhor forma possível (eita codependência que gruda na gente);  mas não vou simplesmente chutar o balde, jogar todas as fichas neste cofrinho e voltar a ter uma vidinha de casado com ele. Foi muito sofrido para mim ter que lembrá-lo que não posso confiar nele para NADA! Ainda mais voltarmos a morar juntos, com a minha família inteira super-hiper-mega contra. Ele jogou na minha cara que não quero "baixar" meu padrão de vida... é pois é, não quero mesmo! Mas o que realmente me entristece é a droga do comportamento... agora os papéis se inverteram, sou eu a favor do mundo e contra ele (engraçado, já estive lá também, lembram? Será que estamos na mesma novela mas os papéis são invertidos?). Que ele esta sempre errado, e eu dou razão a todos mesmos ele! Eita, quando o rapaz realmente vai entrar em recuperação. Foda-se quem tem razão, a única pessoa que precisa ter razão é você mesma! Se o outro acha ou deixa de achar que você tem razão que diferença isso faz para sua serenidade? Em recuperação, teoricamente nenhuma! Quando você esta em paz com você... o que claramente não é o caso. 

Ficou me pressionando, pressionando esperando que eu explodisse. Não deu certo e nos despedimos como dois estranhos, sem abraços, sem beijos, sem carinho...tchau, vou para casa Caiçara. Uma enorme sensação de alívio me invadiu quando cheguei em casa, meu filho com a camiseta do Brasil comendo pipoca na frente da TV, minha super babá contando que o I. gritou uns 10 gols durante o jogo, tudo no lugar... em paz! E assim, simplesmente faço minhas escolhas a cada dia. 

sábado, 14 de junho de 2014

Cada um tem seu tempo


Ola meus queridos(as)

Clima de Copa do Mundo!!!! Ingressos comprados para final no Maracanã, independente de quem estiver lá (bom, espero que o Brasil né?). Muita controvérsia, mas a Copa esta ai gente e vamos curtir e torcer muito pelo nosso país, que não tem hospital, não tem escola MAS é o nosso país, e uma boa oportunidade de fazer diferente.  Quando o assunto é futebol sou suspeita, eu adoro futebol! Já tive o privilégio de estar em duas outras Copas, em 1994 nos USA quando fomos campeões com aquele timinho meleca nos penalties (e eu quase enfartei) e em 2002 no Japão quando batemos a Alemanha na final e nos tornamos PENTA!  

Desculpem a falta de um oi essa semana, mas atualizando as últimas. O Caiçara foi visitar o passado e voltou sã e salvo das garras da bruxa evangélica, segundo ele, foi bem tranquilo, sem maiores embates ou discussões. Aproveitou e visitou o bebê que nasceu, e já esta em casa. Não foi recebido com um tapete vermelho mas também ninguém jogou pedra.  Conseguiu ir na sala rever os companheiros de NA mas não ficou para a reunião devido a correria. Que bom!

Essa semana de abertura da Copa teve de tudo aqui, alguns probleminhas no Grupo relacionados a serviço, fiquei com vontade de chutar o balde, mas ainda preciso refletir melhor principalmente depois de ter conversado com uma companheira que me abraçou de coração mas plantou uma semente que, agora, cabe a mim regar. Minha ex-madrinha, afastada da sala desde Outubro apareceu do nada no dia que eu marquei a reunião de serviço (que não aconteceu) e escutei um sonoro "eu não venho mais no Grupo por sua causa"... machucou.  Mas enfim, coisas da irmandade... estou em silêncio para poder escutar o PS e tomar a melhor decisão para o Grupo.

Minha mãe também resolveu contribuir e ter um surto psicótico porque o Caiçara dormiu aqui (isso porque nem AQUI ela mora mais); fiquei muito triste em ver o quanto ela simplesmente odeia ele, raiva mesmo! No auge do rompante disse que ele era um drogado que tinha batido na filha dela. Minha resposta (via email), pois quando ela começou a gritar na frente do I. fiquei sem escolha, e coloquei ela para fora da minha casa: 

Gostaria muito de poder ter essa conversa, e digo “conversa” pessoalmente mas ultimamente você não me parece muito interessada em escutar o outro, e apenas impor o que você quer e acabar gritando descontrolada, como se gritar fizesse alguma diferença; a não ser causar discórdia e eu acabar tendo que pedir para você se retirar pois o I. não esta acostumando a presenciar esse tipo de insanidade.
Alias olha que coisa, as poucas vezes que o Caiçara vem aqui é tranquilo, harmonioso, sem brigas ou discussões, as únicas vezes que o I. presencia esse tipo de abuso é quando você vem aqui. Mas, segundo suas palavras, ele é um drogado que bateu na sua filha. Pois é, sim ele usou drogas, e como médica você deve saber melhor do que ninguém que dependência química é uma doença, não tem cura mas tratamento, e em tratamento o adicto pode levar uma vida normal... se você tem algum preconceito com dependência química tenha com todas as ouras doenças crônicas e incuráveis classificadas pela OMS, ninguém pediu para ser diabético como ninguém escolheu ser dependente químico, mas sim, eles são responsáveis pela sua recuperação e buscar tratamento. E sim, ele me bateu, nunca mais aconteceu, e eu o perdoei de coração (por mim) pois não há nada pior do que passar a vida cultivando mágoas e ressentimentos, e você mehor do que ninguém deve saber disso... E você? O que você esta fazendo com a sua filha? Muito pior, só críticas, brigas, e assim acabo me afastando. O passado não pode ser mudado, já passou, podemos apenas viver o presente, o hoje... e neste hoje? Ele me bate, não. E você neste hoje? Só sabe me criticar e impor as “suas” verdades.
No seu papel de vítima até escutar você dizer que “eu” estou te destruindo... Quem me dera ter o poder de construi ou destruir alguém... A única pessoa que posso modificar sou eu mesma, ao outros apenas amá-los... nossa felicidade e serenidade são bens muito preciosos para colocarmos na responsabilidade de terceiros. E você vem culpando os outros pela sua infelicidade há dêcadas, só muda o nome do personagem, e assim continua alimentando mágoas, rancos e intolerância.
Sabe mãe, o espaço dentro da gente é muito pequeno, e deveria ser preenchido com amor, compreensão, compaixão e respeito. Eu não crio expectativas, pois elas só levam a frustrações, mas tenho esperança e que comece por mim! Por isso escrevi esse email... Se algum dia você quiser “conversar” as portas estam sempre abertas."

Triste né? Mas é como ouvi no centro, cada um tem seu tempo e a eternidade para apreender.

sábado, 7 de junho de 2014

Ele foi visitar o seu passado


Ola meus queridos(as)

Ele foi, acabou de ligar avisando que estava no Jabaquara pegando o ônibus para a praia... Eu? Eu nada, desejei boa viagem e já baixei um filme que estou querendo assistir faz tempo (Saving Mr. Banks com Tom Hanks) se o I. deixar né? 

Como sou o contato (telefônico), o rapaz casado com a bruxa evangélica ligou perguntado se o Caiçara estava indo, confirmei que sim, conversamos brevemente mas não pude deixar de expor o quanto acho importante que tudo corra de uma forma serena (para bom entendedor meia palavra basta, ele entendeu o recado e disse que conversou com a irmã do Caiçara e, enfim, espero que ninguém mate ninguém até domingo). Sei que toda essa dinâmica complicadíssima não tem nada haver comigo, porém essa relação "deles" é extremamente tôxica, até na porrada eles já saíram (e adultos, não é coisa de criança não), além das agressões verbais, abusos e por ai vai. E, para piorar, ele disse que vai ficar lá no manicómio, que hoje é a casa dela, do novo marido adicto em recuperação e do filho que faz xixi na cama.  Quando sugeri que ele se hospeda-se com um dos nossos inúmeros amigos, ele simplesmente disse que iria ficar na casa dele... acho que ele não entendeu ainda que as coisas mudaram, e aquela deixou de ser a sua casa a muito tempo. Como ele vai enfrentar tudo isso? Sei lá...  Acho que ele esta preparado? Não, mas também não adianta viver numa redoma, precisamos enfrentar alguns fantasmas e fazer as pazes com eles. 

Se eu falar para vocês que estou tranquila estarei mentindo, mas ai entra essa programação maravilhosa, e vou de terceiro passo aqui entregando ao PS, saindo do caminho... Existe uma grande possibilidade deles se desentenderem, ele entrar naquela espiral, simplesmente chutar o balde e cair na primeira biqueira (e ele conhece todas lá muito bem). Existe uma pequena possibilidade deles se entenderem, passarem esse curto tempo juntos, e ele voltar para Sampa amanhã em paz... Independente do desfecho, está entregue a este ser superior que tudo sabe, que a todos ama e nos guia e ampara, quando escutamos e pedimos colinho! 

E enquanto isso, vou terminar de cozinhar meu risotto ao funghi e o carré de cordeiro que esta cheirando pela casa toda... e colocar uma meia dúzia de cervejas na geladeira! 



Sentir o ontem é ressentir


Ola meus queridos(as)

Hoje pela manhã escutei essa frase na leitura do evangélio segundo o espiritismo, e ela ficou martelando na minha cabeça desde então. É bem isso, ressentimento é o ato de ressentir as mágoas do passado... reviver as dores e frustrações de ontem. Esquecemos que o ontem já foi, nada pode ser feito para modificá-lo, mas podemos tomar ação hoje construindo um amanhã mais sereno.  Enquanto ficarmos vivendo do passado perdemos a oportunidade que o hoje nos oferece. O hoje nos convida a evoluir, crescer, nos adaptarmos à essa realidade de agora. Olha quanto mais eu estudo o espiritismo mais certeza eu tenho que o Kardec era do NA... to brincando gente (mais provável que Bob e Bill, fundadores do AA, fossem espíritas), mas tantas mensagens se sobrepõe nas duas filosofias, digamos assim! 

Saindo do cento não resisti, passei na barraca de pastel de feira, cheguei em casa e o sorriso mais lindo do mundo se abriu quando me viu chegar com um mísero pastel de feira! O I. se entupiu de pastel... e a babá brigou comigo porque "depois ele não vai almoçar direito"! Ah vá, hoje é sábado! Deixa o bicho ser feliz!

Ontem tive a constatação da dificuldade de se modificar antigos comportamentos. O Caiçara quer descer para praia esse final de semana, fazer um bate e volta; eu não posso ir; simplesmente falei, vai você (já não gostou); ai ele perguntou se o I. poderia ir com ele; nem pensar (gostou menos ainda) e a coisa escalou. Se sentindo contrariado e diminuído, começou a atirar para tudo quando é lado; você só faz o que você quer, também sou pai do I. e tenho meus direitos (claro, comece a cumprir com os seus deveres primeiro e terá todos os seus direitos depois), você quer que eu recaia (na verdade, não mas a escolha é sua); eu vou embora; tá bom. E lá foi ele. Meia hora depois ele liga com aquela chantagem básica que não funciona mais; eu vou para biqueira, tá bom boa viagem tchau! Mais meia hora (e nisso chegou o frango xadrez com os rolinhos primavera que eu tinha pedido), ele liga; desculpe me ajude, posso voltar estou aqui na esquina da sua casa? Você tem 5 minutos, depois eu tranco o portão.  5 segundos depois ele chega com aquela cara de cachorro sem dono, chateado com ele mesmo por ter se comportado dessa forma, pede desculpas, disse que ainda não sabe lidar com algumas coisas quando elas o chateia e acaba explodindo. Tudo bem, apreender a lidar com nossas frustrações é um processo longo, agora vamos jantar que a comida chinesa esta esfriando. Pois é, a dificuldade de modificar antigos comportamentos... (e não, ele não usou nada MAS a droga do comportamento ele usou)!

Claro que fiquei chateada ontem, mas hoje, não que eu mereça um troféu, mas me parabenizo pois não entrei no seu jogo nem por um segundo. No mínimo curioso como hoje identifico sua manipulação a um kilometro de distância, alias ele já vinha oscilando uns dias e ontem estourou.  Talvez a chave seja perceber essas oscilações, procurar as causas e não alimentar as ondulações senão, uma simples onda atinge a amplitude de um tsunami!


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Humor


Ola meus queridos(as)

Aos que acompanham aqui as melecas que eu escrevo, quase deu merda... cesária de emergência, criança nasceu e esta na UTI, essas são as últimas notícias que recebo de terceiros, quartos e quintos. Continuarei aqui, imóvel, se precisarem de ajuda ai são outros quinhentos, é só pedir que conseguimos uma transferência para Sampa. 

Ontem, na sua folga, fizemos uma excursão ao shimeji perdido na Liberdade, aproveitamos para almoçar num tradicional restaurante japonês com direito a gyoza, ika (lula) recheada, teppanyaki de anchova,  missoshiro e um udon delicioso que me remeteu ao passado das noites do rigoroso inverno japonês quando fiz um intercâmbio na universidade de Ryukyus em Okinawa. Preguiçosamente andamos pelas ruas até achar o shimeji (o que foi fácil), sentar numa padaria qualquer e assistir o amistoso da seleção brasileira. 

A noite fui para sala, confesso que com meu coração batendo um pouco fora do lugar devido as críticas da companheira, mas o PS sabe o que faz, convoquei uma reunião de serviço, enterrei qualquer possibilidade de discussão e coordenei a reunião com serenidade. Voltei para casa em paz e encontrei um Caiçara não tão em paz, rapidamente escalou para o seu papel de vítima (tudo que eu faço é uma merda, minha vida é uma merda, eu sou uma merda) tudo porque conseguiu destruir o shimeji na manteiga (shoyu demais...). Num primeiro momento tentei conversar, não é o fim do mundo, temos mais uma bandeja de shimeji, vamos acertar desta vez... Segundo momento, olha não vamos entrar nesse comportamento de vítima. Terceiro momento, não enche meu saco... e no quarto momento, sugeri que ele pulasse da ponte já que tudo era uma merda! 

Essas oscilações de humor, do nada, são desgastantes demais; confesso que hoje eu não tenho mais muito saco não. Claro que não era o shimeji; finalmente ele disse "você não esta vendo que eu não estou bem?"; claro, peça ajuda, converse comigo eu estou aqui... Silêncio mortal, fui dormir. Acordei de manhã, abri a porta para ele sair, levei o I. na escola e fui trabalhar.  Mas antes escutei dele, hoje a noite eu não venho, vou para minha casa; por mim tudo bem; até melhor tenho umas coisas para fazer no computador. A cara de espanto dele merecia um Oscar.  Na sua cabeça de adicto ele achou que estaria me punindo não vindo me ver a noite, mal sabe ele o quanto eu prezo uma noite sozinha assistindo futebol e comendo pipoca embaixo das cobertas! 






domingo, 1 de junho de 2014

Vai dar merda


Ola meus queridos(as)

Eu não deveria nem estar pensando nisso, alias honestamente não gastar nem um segundo da minha vida MAS deve ser uns resquícios da codependência (sempre achando que posso ajudar) e, não deixa de ser "meio" família do I.. Além de que fico realmente boquiaberta com a ignorância alheia...

Bom, a mulher do irmão evangélico do Caiçara gravidíssima, já passou das 42 semanas (para vocês que nunca engravidaram 40 semanas é 9 meses, o limite da gestação); o ginecologista/obstetra (da rede pública, pois é...) sugeriu uma cesária MAS a maluca continua insistindo num parto normal pois o pastor teve uma premonição, e aleluia senhor! E assim vai-se o líquido amniótico e a perfusão placentária aumentando e MUITO o risco de termos um bebê com sérias sequelas neurológicas devido a falta de oxigenação (ou natimorto mesmo). O que eu tenho haver com isso? Nada, o filho não é meu... mas lá no fundindo, não deixa de ser o primo do I. que vai nascer (de uma forma ou de outra) e aquela vontade de pegar o telefone e descascar, pegar o carro amarrar ela numa camisa de força e trazer para o HC (Hospital das Clínicas) e deixar que os médicos da obstetria quebrem a cara dela; claro depois de fazer a cesária! 

Não vou fazer nem uma coisa nem outra, porém fico aqui com os meus botões pensando em como, COMO uma futura mãe coloca em risco a vida do seu bebê assim, é falta de instrução? Fé cega na Igreja, e entenda-se bem igreja, não Deus... ou é louca de pedra mesmo sem fumar nenhuma? Quanto mais eu vivo menos eu entendo gente, as pessoas são irracionais... 

Apesar peço ao PS que uma tragédia não aconteça, mas desde que soube disso estou com aquela velha sensação que vai dar merda! 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Criticar é fácil


Ola meus queridos(as)

Como é difícil não mandar tomar no meio do olho do cú, as vezes... e pior, pelo SMS! E pior, uma companheira, que segundo ela, ostenta o título de membro mais antigo do nosso grupo (pois é, tempo de sala e serenidade não andam juntos mesmo). Veio me cobrar que fazia quase um mês que eu não frequentava nosso grupo (uh... será porque meu filho ficou doente, depois eu de livre e espontânea vontade peguei dengue e fiquei de molho algumas semanas? Não, claro que não, eu não fui porque resolvi jogar boliche as terças feiras.), que estava faltando literatura (até ai concordo, mas não acho que seja o caso de comprar um monte de manual de serviço, que fica encalhado, e ela oferecer levar o manual de serviço do CODA!). Minha querida companheira, você com tantos anos de Nar-Anon deveria saber que não utilizamos nenhuma literatura que não seja aprovada pelo comite mundial, começa por ai... claro que pensei, mas não falei nada, também ela disse que faltava transparência nas contas e blabablá. 

Interessante, toda vez que peço uma reunião de serviço, ninguém se interessa a ceder nosso tempo para essas reuniões burocráticas (segundo ela "reuniões burocráticas" não conferem conhecimento e experiência...), sugeri marcarmos fora do dia das reuniões, que ótima idéia, agendei...quem apareceu? Eu e o PS. Olha, sinceramente, muita serenidade nesta hora! Eu abomino tudo isso, só sabe criticar, nunca nestes anos todos de irmandade levantou a mão para nada, NADA e vem falar da segunda tradição para mim?! Estou em Marte ou Plutão (apesar de que Plutão não é mais um planeta).

Mesmo numa irmandade que cultiva os passos, as tradições me deparar com "isso" é no mínimo estranho, MAS gente é gente com 10 anos de programação ou não. E cabe a mim aceitar o outro e suas limitações, e repensar se estou sendo uma boa servidora para o Grupo. Cabe a mim assegurar que o grupo cumpra sua única função, que é ajudar os familiares e amigos de adictos respeitando nossas tradições e conceitos. Se não estou exercendo isso de forma satisfatória, colocarei meu cargo a disposição... e que a consciência de grupo decida. 




sábado, 24 de maio de 2014

Viver com medo é uma M


Ola meus queridos(as)

Algumas companheiras me perguntam como eu consigo... consigo o quê? Viver minha vida... olha, é mais fácil do que parece. Talvez porque eu não seja aquela clássica codependente, na verdade, fazendo o meu quarto passo observamos inúmeros comportamentos, mas a codependência apareceu tardiamente na minha vida (principalmente em função da adicção do Caiçara). Talvez porque eu não tenha nenhuma vocação para ficar sofrendo jogada num canto me sentindo a última das últimas...talvez porque eu simplesmente faço o sugerido por essa programação maravilhosa. Talvez porque, quando meu mundo desabou, eu já tinha conhecido o "mundo" e quis reconstruí-lo, voltar a viver nele... Não sei, não tenho nenhuma fórmula mágica. 

Talvez porque eu me aceito, e hoje, aceito o outro também; um passo muito importante para mim foi simplesmente aceitar o que eu não posso modificar, nossa oração da serenidade é extremamente simples (meia dúzia de palavras) e tão complexa e profunda ao mesmo tempo. Deus, concedei-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso modificar... Olha, e são tantas! Antigamente eu não aceitava nada nem ninguém, qualquer coisa que saísse do script detonada o pavio de pólvora e eu explodia. Fazendo uma reflexão séria, eu era uma bomba relógio pronta a explodir a qualquer momento por qualquer coisa, vivia no limite entre a sanidade e a insanidade, sempre caminhando na beira do precipício , qualquer ventania me desequilibrava... E hoje? Hoje eu preciso de uma tempestade para me desequilibrar.

E mesmo quando o céu escurece trazendo a tempestade, eu me desequilibro, posso até cair mas essa rede, essa irmandade, esse amor, esse PS amoroso não me deixam quebrar a cara no chão! Essa certeza me tranquiliza, e eu não tenho mais medo.  E assim viver fica gostoso... porque viver com medo é uma merda! 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Tudo bem


Ola meus queridos(as)

Parabenizo vocês que moram em São Paulo e não mataram ninguém nestes últimos dois dias de caos total devido a greve de ônibus! Mais uma vez fica claro o quão frágil é esse "equilíbrio" ilusório; na verdade essa cidade vive no limite da capacidade de suporte, e até um caminhão quebrado na marginal Tietê pode levar ao colapso do sistema. Fala-se muito em sustentabilidade urbana mas como aplicar esses princípios aqui? As vezes parece que não tem jeito... o melhor mesmo é passar o trator e começar do zero. Talvez eu esteja sendo um pouco pessimista hoje. 

O Caiçara esta na fase homem trabalhador e responsável (espero que não seja apenas uma fase...), dobrando as horas, conseguimos nos ver no seu dia de folga semanal e, as vezes, a noite; para matar um pouco a saudade (mas ele chega tão tarde e tão cansado que acabamos dormindo mesmo)! Não queridos, não estamos morando juntos, ele tem a casa dele e eu a minha; e quando não estou querendo companhia, pois tenho meus dias, eu simplesmente digo "hoje não". A primeira vez que coloquei esse limite, ele não entendeu; mas você não quer me ver? Quero, mas hoje não quero ver nem você nem ninguém, sabe aquele tempinho que você precisa só para você? Eu sou assim, tenho meus momentos reclusos, durante os quais aproveito apenas a minha companhia, uma cerveja, um bom livro, ou se estiver de saco cheio, jogo Candy Crush esvaziando minha cabeça (apesar de que ultimamente esse jogo do satanás esta me estressado mais do que relaxando, olha o vício, eu não consigo parar de jogar essa meleca)! 

O I. começou a se expressar um pouco mais, seu vocabulário aumentando... e eu preciso me policiar melhor! Outro dia, no trânsito, saiu um "vai caralho"(segundo o Caiçara eu sou "o motorista", de uma pacata pedestre me transformo atrás do volante em a motorista maluca); pronto, a esponja absorveu, 5 minutos depois chegamos na escola, e o I. solta o "vai caralho". Agora é só entrar no carro e lá vem ele... As vezes subestimo meu filho, acho que ele ainda é um bebê com a cabeça no mundo da Lua, longe disso, ele esta cada dia mais antenado, com o radar ligado em tudo. Curiosidade a mil! E fazendo trilhões de associações por segundo dentro do seu cérebro explodindo em sinapses. 

E assim vamos vivendo, tudo bem... 

domingo, 18 de maio de 2014

Candidata a pior filha do ano


Ola meus queridos(as)

Preguiçosa tarde de domingo, I. tirando sua tradicional soneca, eu olhando para o caos que esta o meu armário.. e como boa procrastinadora que sou, fui para cozinha preparar um cassoulet (nunca se sabe se teremos visita para o jantar) e pensar na vida! Essa semana eu provavelmente devo ter sido eleita a pior filha do ano... ou certamente sou uma forte candidata ao troféu. 

Eu simplesmente consegui esquecer o aniversário da minha mãe, lembrei dias antes, esqueci, lembrei de novo e no DIA esqueci completamente... Final do dia (do aniversário), ela chega aqui em casa, conversas sobre amenidades, a escola do I.,  empregada e blablabla; até que ela olha para mim e diz: você sabe que hoje é meu aniversário né? Quis morrer.... cavar um buraco gigante, me enfiar lá dentro e não sair nunca mais. Dei um abraço, desejei feliz aniversário e pensei em tomar cicuta depois que ela foi embora. Fiquei pensando como consertar? Liguei para todas as floriculturas do bairro, aquela hora da noite, entrega só para o próximo dia, disse que era um caso de vida ou morte, fiz chantagem,  ofereci propina, implorei, chorei... nada deu certo. Alias esse é um comportamento típico meu que preciso trabalhar melhor, as coisas não vão se adequar as minhas vontades só porque eu quero (ou preciso naquele momento). Culpa minha que esqueci, uma das floriculturas ainda ficou com dó de mim (pois é, aquele papel de vítima que nós sabemos fazer muito bem) mas infelizmente o entregador já tinha ido embora e ela não sabia dirigir, cheguei ao ponto de oferecer pagar um taxi mas ela não poderia deixar a loja (já fechada) antes de terminar os arranjos do dia seguinte... Porque estou escrevendo tudo isso? Para vocês verem o nível de maluquice que eu cheguei.

Remorso, claro que minha mãe percebeu que eu totalmente ignorei seu aniversário e deve ter ficado magoada; claro que eu poderia entrar nas justificativas; minha mãe nunca comemora o seu aniversário, na maioria dos anos sempre cai no dia das mães e comemoramos tudo junto e mais blablabla... mas não posso enganar a mim mesma, eu simplesmente esqueci. E porque? 

Amnésia não é... 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

As mães da segunda guerra mundial


Ola meus queridos(as)

Ganhei um livro de dia das mães do I. (claro quem comprou foi o Caiçara), simplesmente não consegui largar mais, e entre uma estação do metro e outra terminei em lágrimas a última página hoje. Provavelmente ele, quando comprou não tinha muita idéia, apenas deveria estar na gondola livros para o dia das mães, e na capa escrito: " Nós, mulheres, fazemos escolhas pelos outros, não por nós mesmas. E quando somos mães suportamos o que for preciso por nossos filhos." 

Não sou muito fã desta palavra, mas acabei "identificando" um pouco da minha própria infância... No livro a mãe, russa, sem conexão com as duas filhas (já adultas), é fria, calada, o pai (americano) morre e elas (as filhas) se vêem nesta missão impossível de quebrar essa gigante muralha que existe entre elas e cuidar da mãe idosa, morando numa réplica do seria uma dasha, comendo piroeski e borscht com o famoso canto sagrado e sua vela acesa eternamente (quem é russo, polonês, ucraniano ou simplesmente cristão ortodoxo sabe... eu sei, pois minha avó tinha o seu cantinho sagrado na sua sala com as poucas fotos em preto e branco de familiares que ela conseguiu trazer junto com o jogo de xícaras de chá e o Samovar quando vieram fugidos da guerra). 

O livro descreve a luta de sobrevivência, e as escolhas que essa mãe precisou fazer durante o cerco a Leningrado (minha avó e mãe não estiveram no cerco, mas na época nos guetos em Varsóvia), ver uma das suas crianças morrer de escorbuto, escavar o chão no gélido inverno em busca de grama para fazer uma sopa, assistir sua linda e bela cidade transformar-se num cemitério... Não sou muito emotiva, já li vários livros e documentários sobre a segunda guerra, visitei o memorial em Washington com os trilhões de sapatos de judeus e por ai vai. Mas essa estória da guerra assemelha-se muito a da minha família, nós (ou eles) não eram judeus... minha avó era polonesa, meu avô russo. E como no livro, a "mãe" cozinhava para um batalhão, assim era minha avó, estocava latas de comida em baixo da cama, sempre muita fartura... porque? Porque eles passaram fome. FOME, e não é essa que a gente sente não... valorizar uma micro gota de mel para colocar na água quente do chá num inverno de menos 25 graus! Fome ao ponto de cortar seu próprio dedo para que seu bebê sugue o sangue e amenize o choro... misturar água com fermento para simplesmente conseguir ficar de pé mais um dia.

O que foi o cerco de Leningrado? Sem entrar em nenhum mérito estrategista (segundo alguns historiadores, a União Soviética jamais abria mão da cidade e deixaria a população inteira morrer ao se render aos exércitos alemães), do ponto de vista prático: por 900 dias os habitantes viveram cercados por tropas nazistas. Um milhão de russos morreram na ocasião, sendo 800 mil em consequência da fome. 

Minha mãe, até hoje, nunca falou da guerra... sempre diz que era pequena demais e pouco lembra; minha avó, acho que com o tempo foi fazendo as pazes; não que falar da guerra fosse seu assunto preferido mas também nenhum tabu... Existem várias estórias e algumas meio "lendas" como diz minha mãe sobre esse momento (fica para outro post).

Mas o que eu sei hoje, minha avó quando começou a raspar o papel de parede e cozinhar na panela não era só Alzheimer, depois de ler esse trecho do livro: As sopas eram preparadas com cola de carpinteiro, obtida raspando-se os móveis, depois de desmanchá-los, ou raspando-se as paredes, depois de arrancados os papéis que as cobriam.